sábado, 22 de agosto de 2009

A Escola da Família


Aproximar os pais do trabalho pedagógico é um dever dos gestores.


Gustavo Heidrich mailto:gestao@atleitor.com.br

Está na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): as escolas têm a obrigação de se articular com as famílias e os pais têm direito a ter ciência do processo pedagógico, bem como de participar da definição das propostas educacionais. Porém nem sempre esse princípio é considerado quando se forma o vínculo entre diretores, professores e coordenadores pedagógicos e a família dos alunos. O relacionamento chega a ser ambíguo. Muitos gestores e docentes, embora no discurso reclamem da falta de participação dos pais na vida escolar dos filhos - com alguns até atribuindo a isso o baixo desempenho deles - não se mostram nada confortáveis quando algum membro da comunidade mais crítico cobra qualidade no ensino ou questiona alguma rotina da escola. Alguns diretores percebem essa atitude inclusive como uma intromissão e uma tentativa de comprometer a autoridade deles. Já a maioria dos pais, por sua vez, não participa mesmo. Alguns por não conhecer seus direitos. Outros porque não sabem como. E ainda há os que até tentaram, mas se isolaram, pois nas poucas experiências de aproximação não foram bem acolhidos e se retraíram.

No Brasil, o acesso em larga escala ao ensino se intensificou nos anos 1990, com a inclusão de mais de 90% das crianças em idade escolar no sistema. Para as famílias antes segregadas do direito à Educação, o fato de haver vagas, merenda e uniforme representou uma enorme conquista. "Muitos pais veem a escola como um benefício e não um direito e confundem qualidade com a possibilidade de uso da infraestrutura e dos equipamentos públicos. Isso de nada adianta se a criança não aprender", afirma Maria do Carmo Brant de Carvalho, coordenadora geral do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), em São Paulo. A escola foi criada para servir à sociedade. Por isso, ela tem a obrigação de prestar contas do seu trabalho, explicar o que faz e como conduz a aprendizagem das crianças e criar mecanismos para que a família acompanhe a vida escolar dos filhos. "Os educadores precisam deixar de lado o medo de perder a autoridade e aprender a trabalhar de forma colaborativa", afirma Heloisa Szymanski, do


Departamento de Psicologia da Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Um estudo realizado pelo Convênio Andrés Bello - acordo internacional que reúne 12 países das Américas - chamado A Eficácia Escolar Ibero-Americana, de 2006, estimou que o "efeito família" é responsável por 70% do sucesso escolar. "O envolvimento dos adultos com a Educação dá às crianças um suporte emocional e afetivo que se reflete no desempenho", afirma Maria Amália de Almeida, do Observatório Sociológico Família-Escola, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mas o que significa uma parceria saudável entre essas duas instituições? Os pais devem ajudar no ensino dos conteúdos e os professores no dos bons modos? Claro que não. A colaboração que se espera é de outra ordem. "O papel do pai e da mãe é estimular o comportamento de estudante nos filhos, mostrando interesse pelo que eles aprendem e incentivando a pesquisa e a leitura", diz Antônio Carlos Gomes da Costa, pedagogo mineiro e um dos redatores do ECA (leia sobre o que a família pode fazer para ajudar na Educação dos filhos no quadro abaixo).


Para isso, é preciso orientar os pais e subsidiá-los com informações sobre o processo de ensino e de aprendizagem, colocá-los a par dos objetivos da escola e dos projetos desenvolvidos e criar momentos em que essa colaboração possa se efetivar. Quando o assunto é aprendizagem, o papel de cada um está bem claro - da escola, ensinar, e dos pais, acompanhar e fazer sugestões. Porém, se o tema é comportamento, as ações exigem cumplicidade redobrada. Ao perceber que existem problemas pessoais que se refletem em atitudes que atrapalham o desempenho em sala de aula, os pais devem ser chamados e ouvidos, e as soluções, construídas em conjunto, sem julgamento ou atribuição de culpa. "Um bom começo é ter um diálogo baseado no respeito e na crença de que é possível resolver a questão", acredita Márcia Gallo, diretora da EME Professora Alcina Dantas Feijão, em São Paulo, e autora do livro A Parceria Presente: A Relação Família-Escola numa Escola de Periferia de São Paulo. Visando ajudar você a dar os passos necessários para cumprir o dever legal e social de ter um relacionamento de qualidade com as famílias, NOVA ESCOLA GESTÃO ESCOLAR elaborou uma lista com 13 ações, que vão desde o acolhimento no começo do ano letivo até as atividades de integração social.

Os deveres da família


Até o século 19, a separação de tarefas entre escola e família era clara: a primeira cuidava daquilo que à época se chamava "instrução", que na prática era a transmissão de conteúdos, e a segunda se dedicava à "Educação", o que significava o ensinamento de valores, hábitos e atitudes. "A Era Moderna deixa nebulosa essa divisão do trabalho educacional. Reconhecida como um valor de ascensão social para as classes surgidas com a urbanização, a Educação passa a ser objeto de atenção das famílias e as expectativas em relação à escola se ampliam", diz Maria Amália de Almeida, da UFMG. Na prática, a escola passou a ser reconhecida como um espaço de aprendizagem dos conteúdos e de valores para a formação da criança. Assim, as fronteiras se tornaram confusas. As responsabilidades da escola já foram detalhadas na reportagem ao lado. Mas, o que se pode esperar das famílias, além de que elas garantam o ingresso e a permanência das crianças em sala de aula? Quando se sentem integradas, elas passam a participar com entusiasmo das reuniões e se tornam parceiras no desafio de melhorar o desempenho dos filhos. Com o intuito de indicar caminhos para a participação mais efetiva das famílias, o projeto Educar para Crescer, iniciativa da Editora Abril e da Universidade Anhembi Morumbi, vai lançar a partir de 26 agosto o Guia da Educação em Família, que será encartado em diversas publicações da editora. Esse material, assim como o folheto Acompanhem a Vida Escolar dos Seus Filhos, do Ministério da Educação, traz orientações simples sobre como os pais podem trabalhar com a escola.
Entre as dicas, estão:
- Ler para as crianças ou pedir para que elas leiam para eles.
- Conversar sempre com os filhos sobre assuntos da escola.
- Acompanhar as lições de casa e mostrar interesse pelos conteúdos estudados.
- Verificar se o material escolar está completo e em ordem.
- Zelar pelo cumprimento das regras da escola.
- Participar das reuniões sempre que convocados.
- Conversar com os professores.
Quer saber mais entre no site da Nova Escola http://revistaescola.abril.com.br/e procure por:
Gestão Escolar
Articulação com a comunidade
Edição 003 Agosto/Setembro 2009

Na Educação de nossos filhos, todo exagero é negativo.


Responda-lhe, não o instrua.Proteja-o, não o cubra.Ajude-o, não substitua.Abrigue-o, não o esconda.Ame-o, não o idolatre.Acompanhe-o, não o leve.Mostre-lhe o perigo, não o atemorize.Inclua-o, não o isole.Alimente suas esperanças, não as descarte.Não exija que seja o melhor, peça-lhe para ser bom e dê exemplos.Não o mime em demasia, rodeio-o de amor.Não o mande estudar, prepare lhe um clima de estudos.Não fabrique um castelo para ele, viva todos com naturalidade.Não o ensine a ser, seja você como quer que ele seja.Não lhe dedique a vida, viva todos.Lembre-se que seu filho não o escuta, ele o olha.E, finalmente, quando a gaiola do canário se quebrar, não compre outra...Ensine-lhe a viver sem portas!

Aprendem o que vivenciam


Aprendem o que vivenciam

Se as crianças vivem ouvindo críticas, aprendem a condenar.
Se convivem com a hostilidade, aprendem a brigar.
Se as crianças convivem com a pena, aprendem a ter pena de si mesmas.
Se vivem sendo ridicularizadas, aprendem a ser tímidas.
Se convivem com a inveja, aprendem a invejar.
Se vivem com vergonha, aprendem a sentir culpa.
Se vivem sendo incentivadas, aprendem a ter confiança em si mesmas.
Se as crianças vivem a tolerância, aprendem a ser pacientes.
Se vivenciam os elogios, aprendem a apreciar.
Se vivenciam a aceitação, aprendem a amar.
Se vivenciam a aprovação, aprendem a gostar de si mesmas.
Se vivenciam o reconhecimento, aprendem que é bom ter um objetivo.
Se vivem partilhando, aprendem o que é generosidade.
Se convivem com a generosidade, aprendem a veracidade.
Se vivem com eqüidade, aprendem o que é justiça.
Se convivem com a bondade e a consideração, aprendem o que é respeito.
Se as crianças vivem com segurança, aprendem a ter confiança em si mesmas e naqueles que as cercam.
Se as crianças convivem com afabilidade e a amizade, aprendem que o mundo é um bom lugar para se viver.

Doroty Law Nolte

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Controladoras demais



PATRÍCIA CERQUEIRA - Folha de S. Paulo

Excesso de crítica e de controle por parte das mulheres pode fazer com que os pais de primeira viagem se envolvam menos na criação dos filhos

Reza a cartilha da vida doméstica contemporânea que os homens são tão bons cuidadores dos bebês quanto as mães. De fato, tem sido cada vez mais fácil encontrar pais plenamente envolvidos nos cuidados dos pequenos. Mas também é comum constatar mães reclamando do não envolvimento intenso dos homens com os filhos e dizendo que o pai só quer a parte fácil, de brincar com eles.
Intrigada com a irregularidade desse envolvimento masculino, a americana Sarah Schoppe-Sullivan foi pesquisar por que alguns pais se envolvem plenamente, enquanto outros não. Professora de desenvolvimento humano da Ohio State University, ela descobriu, em entrevista com 97 pais de primeira viagem, que um dos motivos do afastamento paterno é o comportamento feminino.
Quanto mais ranzinzas, críticas e controladoras da situação são as mães, menos empolgados e envolvidos ficam os pais.
A professora diz que o comportamento não é incomum. "Algumas mães agem como uma porteira, alguém com o poder de decidir o tipo de relação que o pai tem com o filho, porque enxergam seus maridos como pais incompetentes", disse Schoppe-Sullivan à Folha, por e-mail. Outras mulheres, segundo a pesquisadora, acreditam que, por serem as principais responsáveis pelos filhos, serão julgadas negativamente se compartilharem o cuidado dos pequenos com o marido.
O estudo conclui que quanto mais negativas são, mais as mães afastam os maridos de se envolverem nos cuidados com o recém-nascido. E apontou uma luz: "Quando as mães encorajam os pais, eles tendem a cuidar mais dos filhos".
Quando Leonardo Bisol nasceu, há quatro anos, sua mãe a editora de arte Márcia Helena Ramos, 42, nunca tinha trocado uma fralda, mas acreditava que sabia tudo sobre os cuidados com um recém-nascido -achava, inclusive, que sabia mais que o marido, o designer gráfico Luis Carlos Bisol, 57, que tem uma filha de 30 anos.
A certeza de que seu jeito de cuidar do filho era o melhor repercutiu. "O Leo passou a repetir isso. Pensei: "O jeito do pai também é bom". Ele é tão competente quanto eu, só que vai por outro caminho", diz Márcia. Agora, quando o filho solta a frase, ela diz que "às vezes, o jeito da mamãe é o certo e, às vezes, o jeito do papai é que é".
Márcia diz que passar a se importar menos com detalhes surtiu efeito positivo: até o casamento ficou mais suave. "O Luis, quando vai lavar o rosto do Leo, quase afoga o menino, mas eu não falo nada, porque no final o resultado é o mesmo e não causa nenhum trauma", conta, rindo.
"A palavra-chave é negociação. Ninguém é feliz numa relação desequilibrada de poder. Quando acho que o meu jeito de cuidar do Leo está certo, defendo a minha posição e a Márcia acaba aceitando", diz Luis.

Criações diferentes
Não é só o comportamento feminino que influencia no envolvimento paterno, que tem a ver também com a forma como a mãe e o pai foram criados. "Aprendemos a linguagem amorosa com nossas famílias", diz Lidia Aratangy, terapeuta de casais e família.
Poucos acontecimentos atingem tão profundamente as pessoas quanto o nascimento do primeiro filho. "É um evento de proporções enormes na vida dos pais, não só como casal, mas individualmente", diz Daniela da Rocha Peres, psicanalista e terapeuta de família.
Nesse momento, há homens que percebem que não sabem o que é cuidar de alguém dependente fisicamente dele. "Pode ocorrer um desinteresse pelos cuidados com o filho, ligado ao despreparo emocional para a função paterna", afirma Luiz Cuschnir, psiquiatra e psicoterapeuta, idealizador do Iden (Centro de Estudos da Identidade do Homem e da Mulher).
Há também aqueles que se abalam com a possibilidade de ficarem excluídos da dupla mãe e filho. "Alguns não suportam esse momento de marginalidade e se separam", diz Peres.
Se há homens que não aguentam e fogem do casamento, há também aqueles que se sentem os provedores. Em alguns pais, essa figura vem carregada de tão forte angústia que eles passam a trabalhar demais e a se preocupar excessivamente com a manutenção da família. "Um pai muito preocupado não consegue ter disponibilidade para cuidar ou brincar com um bebê", diz Peres.

Dá para superar
Para Aratangy, não há receita para sobreviver a esse tipo de situação que pode surgir com o nascimento do primeiro filho. "Mas tolerância e bom humor ajudam um bocado", diz .
Foi o que fez o designer Eduardo Campus, 34. Como sentiu que tinha pouco espaço como pai nos primeiros dias após o nascimento de sua filha, Luisa, dava apoio incondicional à mulher. "Não precisei cavar meu espaço como pai porque sabia que ele existia", diz.
Mesmo assim, não se livrou das críticas. "Tenho uma frase clássica muito irritante, que é "quando eu faço...’", diz sua mulher, Liliane Ferrari, 33.
Ela percebeu rapidamente que não tinha de criticar a forma como Eduardo cuidava da filha. "A maneira como a Liliane se relaciona com a milha filha é diferente da minha, e filho precisa dessa diferença. Ele não precisa de competição entre o pai e a mãe, mas de um ambiente para crescer forte e aprender que dentro de casa há dois modelos de criação e que os dois são certos", diz Eduardo. Ainda no primeiro ano de vida de Luisa, o casal dividiu as tarefas -cada um faz, principalmente, o que gosta. "Eu cuido do almoço da Luisa enquanto ele dá banho e troca de roupa. Eu faço o leite, e ele a coloca para dormir e assim vamos", diz Liliane.
Se não há regras para superar essa fase, dá para entender algumas dinâmicas próprias dela. "No primeiro mês do bebê, mãe e filho ficam numa unidade assustadora. Isso é salutar, mas deve durar pouco", diz a psicanalista Daniela da Rocha Peres.
Passada esta fase, o pai deve forçar sua entrada. "O ideal é que ele entre e não só assista. E que, com o tempo, desfaça a unidade mãe-bebê."

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Lugar de criança é na família, por Maria do Rosário*


O abandono familiar é uma situação triste, mas igualmente ou mais triste é que uma criança fique abandonada em uma instituição durante anos. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social, cerca de 80 mil crianças e adolescentes esperam por adoção no nosso país. No Rio Grande do Sul, o Juizado da Infância e Juventude aponta que há 735 aptos para a adoção. O problema, no entanto, é muito mais que numérico, mas humano. Cada ser é uma vida, que não pode ser perdida para a burocracia.

Trabalhamos nos últimos anos na elaboração de uma lei de convivência familiar e comunitária, que ficou conhecida como Lei Nacional da Adoção (Lei 12.010, de 3 de agosto de 2009), sancionada esta semana pelo presidente Lula. É um tema complexo mas que precisava ser enfrentado com responsabilidade, pensando na vida desses milhares de meninos e meninas que infelizmente foram abandonados duas vezes: pela família e pela omissão do Estado brasileiro, que não estipula prazos para que a criança tenha um destino. Muitos bebês completaram 18 anos em um abrigo sem haver nenhuma decisão judicial sobre eles.

Agora, haverá um cadastro único de todas as crianças do país em condição de serem adotadas. Além disso, toda menina ou menino que estiver em um abrigo terá um plano para o seu desabrigamento. As instituições não podem mais ser o destino final das crianças, mas casas de passagem. Lugar de criança é na família. De seis em seis meses, a situação de cada um será avaliada pelo Judiciário e pelo Ministério Público e num prazo máximo de dois anos será dado um encaminhamento definitivo, sempre com prioridade de retorno à família biológica.

Ampliamos o conceito de família, não reconhecendo somente os pais, mas também os avós, tios, primos e irmãos. A adoção só passa a ser uma opção quando esgotadas as possibilidades de esses parentes assumirem responsabilidade pela criança. Outra prioridade é que não se separem mais os irmãos biológicos, devendo manter esse vínculo, afinal eles já constituem uma família e vão sofrer se forem separados.

Também determinamos a prioridade para as adoções nacionais. A criança só será levada para o Exterior quando não houver um adulto que possa e queira adotá-la aqui no Brasil. Criamos mecanismos de estímulo à adoção de crianças de outras etnias e também de crianças mais velhas, que hoje encontram muita dificuldade de ter uma família. Precisamos mudar a cultura que privilegia bebês brancos.

Essa lei pretende garantir a cada criança brasileira o sagrado direito de ter uma família. É uma das melhores e mais importantes conquistas da infância brasileira, em especial de todos e todas que daqui para a frente irão se beneficiar dela.



*Deputada federal (PT-RS), relatora do projeto de lei na Câmara Federal

sábado, 1 de agosto de 2009

O dever da família

As dez principais descobertas dos especialistas sobre quando e como os pais podem ajudar a despertar nos filhos a curiosidade intelectual e fazê-los alcançar um desempenho melhor nos estudos.
1. Ter livros em casa e, no caso de filhos pequenos, ler para eles. O hábito, cultivado desde cedo, faz aumentar o vocabulário de forma espantosa. Segundo estudo do americano James Heckman, prêmio Nobel de economia, uma criança de 8 anos que recebeu esse tipo de estímulo a partir dos 3 domina cerca de 12 000 palavras – o triplo de um aluno sem o mesmo empurrão. A diferença se faz sentir na assimilação de conhecimento em todas as áreas. Ao analisar o fato de a Finlândia aparecer sempre na primeira posição nos rankings de educação, um estudo da OCDE confirma: o incentivo precoce à leitura em casa tem um papel decisivo.
2. Reservar um lugar tranquilo para os estudos. A ideia é cuidar para que o ambiente ofereça o mínimo necessário: mesa, cadeira, boa iluminação e distância da televisão. Já na pré-escola, os pais podem definir o local e incentivar seu uso diário. Os benefícios, já quantificados, são os esperados: concentrado, o aluno aprende mais e erra menos.



3. Zelar pelo cumprimento da lição. Ainda que a criança seja pequena e a tarefa, bem fácil, é importante mostrar a relevância dela com gestos simples, como pedir para olhar o dever pronto ao chegar em casa. Até cerca de 10 anos, monitorar diariamente a execução da lição não é excessivo. Ao contrário. Esse é o momento de começar a sedimentar uma rotina de estudos, com horário e local, mesmo que seja mais uma brincadeira. Um relatório da OCDE não deixa dúvidas quanto às vantagens. Os melhores alunos no mundo todo levam a sério o dever de casa.


4. Orientar, mas jamais dar a resposta certa .Solucionar o problema é uma tentação frequente dos pais quando são acionados a ajudar na tarefa de casa. Não funciona. O que dá certo, isso sim, é recomendar uma leitura mais atenta do enunciado, tentar provocar uma nova reflexão sobre o assunto e, no caso de filhos mais velhos, sugerir uma boa fonte de pesquisas. Se o erro persistir, deixe-o lá. Já se sabe que a correção do professor é decisiva para a fixação da resposta certa.

5. Preservar o tempo livre. Muitos pais, ávidos por proporcionar o maior número de oportunidades aos filhos, lotam sua agenda de atividades fora da escola. O resultado é que sobra pouco tempo para brincar, esse também um momento sabidamente precioso para o aprendizado. Na escola, por sua vez, crianças com rotinas atribuladas demais costumam demonstrar cansaço, o que frequentemente compromete o próprio rendimento.


6. Comparecer à reunião de pais. Mesmo que seja muitas vezes enfadonha, ela proporciona no mínimo uma chance de sentir o ambiente na escola, saber da experiência dos demais alunos e tomar contato com a visão de outros pais. A ida a esses encontros tem ainda um efeito colateral menos visível, mas já bastante estudado: a presença dos pais é uma demonstração de interesse que contribui para o envolvimento dos filhos com a escola.

7. Conversar sobre a escola.A manifestação de interesse, por si só, é um indicativo do valor dado à educação pela família. Os efeitos são ainda maiores quando o estudo é tratado como algo agradável e aplicável à vida prática, e não um fardo. Uma recente compilação de estudos, consolidada por um centro de pesquisas do governo americano, mostra que um pai que consegue produzir esse tipo de ambiente em casa aumenta em até 40% as chances de o filho se tornar um bom aluno.

8. Monitorar o boletimNo caso de um resultado ruim, o melhor a fazer é definir um plano para melhorar o desempenho – mas não sem antes consultar a escola e avisar o filho de que está fazendo isso. O objetivo aí é estabelecer, junto com o colégio, uma estratégia para reverter a situação e saber qual será, exatamente, sua participação. Está mais do que provado que castigo, nesse caso, não funciona. Só diminui o grau de autoconfiança, já baixa, e agrava o desinteresse pelos estudos.
9. Procurar o colégio no começo do anoÉ a ocasião em que cabe perguntar, pelo menos em linhas gerais, o que a escola pretende ensinar em cada matéria. Trata-se do mínimo para poder acompanhar tais metas e, se preciso, cobrar sua execução.
10. Não fazer pressão na hora do vestibularO excesso de pressão por parte da família só atrapalha no momento mais tenso na vida de um estudante. À mesa do jantar, os pais darão uma boa contribuição ao evitar falar apenas disso. Mas podem ajudar mais, principalmente zelando para que o ambiente de casa na hora do estudo não fique barulhento demais e para que o filho não se comprometa com muitas atividades. O lazer, no entanto, não deve ser suprimido. É o que dizem os especialistas e os próprios campeões no vestibular: em 2008, os mais bem colocados em dez áreas mantiveram uma pesada rotina de estudos, mas, pelo menos no fim de semana, preservaram algum tempo livre.