sexta-feira, 3 de abril de 2009

Bullying



Tenho vários alunos com dificuldades, algumas cognitivas, outras emocionais, outras de relacionamento e assim por diante. Irei relatar, em forma de desabafo, o caso de um dos meus alunos. Ele muitas vezes me deixa de cabelo em pé. Tenho em sala três inclusões e adivinhem? Este aluno não os aceita, coloca apelidos maldosos e mostra não possuir empatia por nenhum. Os ofende diariamente, assim como a outros colegas. Quando questionado sobre suas atitudes ele mostra despreocupação alegando:" _ Não nasci como eles e nunca serei assim". Esse comportamento hoje conhecido por Bulling atualmente afeta muitas salas de aula.

Segundo a Psicóloga Elaine Marini "Bullying são todas as formas de atitudes agressivas intencionais e repetitivas que ridicularizam o outro. Atitudes como comentários maldosos, apelidos ou gracinhas que caracterizam alguém, e outras formas que causam dor e angustia, e executados dentro de uma relação desigual de poder que são características essenciais que tornam possível a intimidação da vitima". Outro exemplo é o de uma de suas colegas, ela reclama diariamente, e muitas vezes chorando, que este aluno a ofende com apelidos maldosos, tudo isso por ter nascido o lábio leporino. Por mais que converse e o faça refletir sobre suas ações e as consequências destas, ele não consegue colocar-se no lugar do outro e não percebe o mal que está causando. "Segundo pesquisas da ABRAPIA os autores são, indivíduos que geralmente não tem empatia, frequentemente, pertencem a famílias desestruturadas, nas quais há pouco relacionamento afetivo entre seus membros. Seus pais exercem uma supervisão pobre sobre eles, toleram e oferecem como modelo para solucionar conflitos, comportamento agressivo ou explosivo. Admite-se que os que praticam o BULLYING têm grande probabilidade de se tornarem adultos com comportamentos anti-sociais e/ou violentos, podendo vir a adotar, inclusive, atitudes delinquentes ou criminosas" (MARINI, 2009).

Quando li o que Marini escreveu e após chamar a mãe do aluno aqui descrito para conversarmos, consegui enxergar o ponto de tudo isto. A mãe relatou os problemas familiares que vem enfrentando desde o inicio da gestação. Então fiquei convicta que a raiz de quase todas as dificuldades enfrentadas em nossas escolas está na maioria das vezes em casa.

Como professora me vejo com as mãos amarradas. Percebo que a única saída é o trabalho em conjunto com a família. Tomando parte do que realmente está acontecendo e tentando entender o motivo pelo qual nossos alunos estão agindo de uma determinada maneira, poderemos ajuda-los. Conseguiremos sim solucionar os problemas de nossas salas de aula, mas sem o auxílio dos pais isso será impossível.

Nenhum comentário: