terça-feira, 9 de junho de 2009

Desabafo

Sou professora e todos os dias eu saio ao meio-dia de uma escola e vou para outra. Almoço juntamente com algumas colegas professoras. Considero a hora do almoço como “a hora do desabafo". Diariamente escuto as mesmas queixas e as faço também: “– Hoje ele não me respeitou.” - “Não agüento mais... eu grito todo tempo”. “– Tudo que eu falo entra em um ouvido e sai pelo outro”. “Hoje ele me ofendeu com muitos palavrões”.” Pedi para falar com a mãe dele, mas ela não apareceu”. “Não tenho fome depois dessa manhã”. E assim passamos nossos almoços. Uma escutando a outra, dando apoio e tentando encontrar uma saída.
Não sei aonde iremos parar. Será que agüentaremos por muito mais tempo? Até quando a escola se sustentará?
Estudamos muito e tentamos entender o que está acontecendo. Realizamos encontros periódicos, planejamos e tentamos solucionar os problemas. Às vezes acertamos, outras vezes erramos, mas a solução não é encontrada.
As crianças a cada dia estão mais “descontroladas”. Muitos tomam Ritalina, outros Rispiridona, outros tantos Rivotril e assim por diante. Estamos diante de crianças que necessitam de drogas para conviver com os outros, reflexo de uma sociedade desestruturada. E o que fazer pelos alunos que são abandonados por suas famílias? Os que gritam, pulam, agridem, ofendem... tentam chamar a atenção de todas as maneiras. Nada consegue deixá-los em paz. Tudo, até mesmo um olhar, os irritam e os deixam com uma inquietação descontrolada.
Estamos em uma época nada fácil para o professor. Todos os dias um novo desafio nos é apresentado. Será que encontraremos uma saída? O que o futuro nos reserva?
Profª Sandra Grohe

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