terça-feira, 28 de abril de 2009


Educação e valores, por Luciana M. Crestani*

Meus pais, família humilde, não me legaram grandes posses materiais. Mas, dentro das limitações financeiras que sempre tivemos, conseguiram me proporcionar os bens mais preciosos: educação e valores morais. O que veio depois disso o ensino sistematizado, a formação e os frutos das escolhas feitas apenas somou aos sólidos pilares anteriormente construídos por meio do exemplo e do diálogo.É sobre isso que me proponho a refletir no Dia da Educação. Sobre o verdadeiro sentido da palavra educação. Falo de educação para a vida, para a cidadania, para o convívio social. Aquela que aprendemos também na escola, mas primeira e principalmente na família. É na família que aprendemos a cultivar os valores básicos – respeito, honestidade, humildade, cordialidade, compaixão – que externamos ao longo do nosso convívio em sociedade. E, nesse sentido, o respeito – por si mesmo e pelos outros – encabeça a lista das virtudes. Quando na família não se ensina o respeito mútuo, pouco sobra para ensinar. Talvez por falta dele, do respeito, a sociedade esteja cada vez mais doente. Certamente por falta dele escolas enfrentam tantos problemas de violência, de depredação, de confronto, situações inconcebíveis e desanimadoras para professores e estudantes.Como se espera que uma criança ou adolescente que agride os pais, verbal ou fisicamente, debocha dos avós, trapaceia o irmão, tenha algum respeito por colegas, professores, ou qualquer pessoa que lhe cruze o caminho? Como espero que um filho meu cultive valores, seja uma pessoa de caráter e índole exemplares se a “educação” que recebe em casa vai na direção contrária? Como espero que respeite os mais velhos, ceda sua poltrona a um doente, um idoso, ou simplesmente saiba conviver com as diferenças se não o educo para isso? Se não há exemplo e nem diálogo sobre essas questões em casa, como esperar que meu filho as aprenda?Já é consagrada a máxima de que o exemplo não é a melhor maneira de educar, é a única. Se a parcela da educação que cabe aos pais é relegada ou renegada, fica difícil a escola sozinha reverter o quadro. É preciso lembrar que a escola é também responsável pelo ensino dos conteúdos curriculares, que são muitos e complexos. Dado o número de períodos que cada professor passa semanalmente em cada turma – uma média de dois períodos –, é escasso o tempo para conciliar discussão de valores morais com conteúdos programáticos. Por outro lado, é urgente que nas salas de aula se priorizem e discutam questões latentes envolvendo valores morais e éticos em detrimento de gramatiquices e fórmulas mirabolantes. Aliás, como professores, somos também exemplos. Mas que pais e mães não se eximam dessa função.Veja-se o caso do personagem Zeca, o badboy da novela Caminho das Índias. O rapaz tem tudo, materialmente falando. Também tem acesso a bens culturais (cinema, teatro, livros, internet etc.), domina recursos de informática, vai à escola, assiste às aulas... e adianta? O exemplo de casa é o que lhe “adianta”. E na casa de Zeca não há nenhum indício de valores morais... Enfim, que sirva a arte como exemplo para a vida. E que reverberem em nossas memórias as palavras de Theodore Roosevelt: “Educar uma pessoa apenas no intelecto, mas não na moral, é criar uma ameaça à sociedade”.

*Professora universitária, mestre em Educação
ZERO HORA 28/04/2009

segunda-feira, 20 de abril de 2009

HIPERPAIS


Pais que amam demais atrapalham filhos
Martha Mendonça - Revista Época - edição 569

Na ânsia de preparar os filhos para o futuro, muitos pais extrapolam no carinho e nas atividades educativas. Que tipo de filho eles criam?

CURRÍCULO INFANTIL - Aula de artes na Escola Internacional de Alphaville, em São Paulo. A diversificação de atividades atende a uma demanda dos pais.
Todos os pais querem que seus filhos sejam bem-sucedidos. E a receita é clara: como na infância nosso cérebro é mais propenso ao aprendizado, basta desenvolvê-lo ao máximo, desde o mais cedo possível. Infelizmente, ninguém consegue prever o futuro – e portanto não há como saber quais habilidades serão mais importantes quando nossos pequenos tesouros virarem adultos. O que faz um bom pai, nesse caso? Claro! Aposta no máximo de atividades. Escola bilíngue, curso de uma terceira língua, iniciação musical, aulas de etiqueta, ginástica, natação... No tempo livre, por que não aproveitar para divertir as crianças com um bom DVD educativo?
Mas esse investimento todo não vai valer nada se não soubermos proteger e amparar as crianças de todos os perigos desta vida. Então é preciso aceitar o sacrifício de levá-las e trazê-las de carro de todos os compromissos e manter a constante possibilidade de contato pelo celular – esse moderno e abençoado cordão umbilical tecnológico.
Só há um pequeno porém com essa receita. Na verdade, dois. O primeiro é que segui-la sai um pouco caro, tanto em dinheiro como em preocupações. O segundo é que... essa fórmula pode dar errado. Bem errado.
Depois de umas boas décadas em que grande parte dos psicólogos, educadores, cientistas e empresários estimulava o esforço pelo desenvolvimento planejado das crianças, estamos vendo agora um novo fenômeno: o combate ao excesso de zelo dos pais. Uma recente reportagem da revista americana New Yorker define o fenômeno como overparenting. Trata-se dos hiperpais, pais superprovedores – ou simplesmente pais demais. Eles são o avesso dos pais negligentes. Protegem demais, são indulgentes demais e sentem uma ânsia que os leva a resolver todos os problemas das crianças. Alguns desses espécimes atendem pelo apelido de pais-helicóptero, porque estão sempre, de alguma maneira, “sobrevoando” os filhos, impedindo que encontrem suas próprias saídas e tenham seus momentos de solidão e brincadeira. Esses momentos são imprescindíveis para que as crianças aprendam a pensar por si próprias – e se tornem adultos independentes e conscientes. O novo discurso é que nada substitui a brincadeira como atividade para desenvolver a inteligência e as habilidades sociais, e a melhor maneira de um adolescente aprender algo é pelo método de tentativa e erro.
Até no campo da medicina esse discurso vem ganhando força. Um dos comportamentos mais comuns dos hiperpais é o cuidado extremo com a higiene. E quem poderia condenar isso? Os médicos. Peter Liquornik, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria, é um exemplo. “Muitos bebês ficam com seu amadurecimento imunológico comprometido pela mania de limpeza e esterilização dos pais. A natureza faz a criança engatinhar e colocar tudo na boca porque é assim que ela vai criar suas defesas”, diz. Segundo Liquornik, existe hoje uma superproteção das crianças, que muitas vezes ficam impedidas de brincar, de se sujar, em nome de uma higiene exacerbada. Ninguém precisa entregar bolas de sujeira para os filhos lamberem, mas, se eles não tiverem algum contato com as imperfeições do mundo, não criarão anticorpos suficientes.
Isso vale não apenas para vírus e bactérias. “Se não há dificuldades na vida das crianças, elas não vão desenvolver muitas habilidades”, diz a americana Hara Marano, editora da revista Psychology Today e autora do livro A nation of wimps: the high cost of invasive parenting (Uma nação de fracos: o alto custo da paternidade invasiva), lançado em 2008. “É como amarrar os sapatos: na primeira, na segunda ou na terceira vez eles não conseguem. Em vez de amarrar para eles, deixe que andem com os cadarços soltos de vez em quando. Vão começar a tentar sozinhos até aprender.” Marano acredita que os valores ocidentais de competitividade tenham gerado essa “hiperpaternidade” no mundo contemporâneo. “Os pais foram tomados por uma enorme ansiedade, focada na vida dos filhos. Querem resolver o futuro deles agora, querem ser eficientes. Mas eficiência é um valor da profissão, não da criação de um filho.”
O celular ajuda a reforçar essa síndrome, diz Marano. “Com ele, os hiperpais podem ligar sem necessidade real para os filhos, apenas como forma de suavizar suas próprias ansiedades.” E as crianças são levadas a criar o costume de falar com os pais por qualquer mínimo motivo. “Aos 7 anos, muitas crianças já trazem o celular para a escola”, diz Fernanda Carísio, coordenadora educacional do Colégio Cruzeiro, tradicional escola do Rio de Janeiro. “Mesmo a gente pedindo em toda reunião de pais que não deixem as crianças vir com telefone para a escola.” Segundo Carísio, os pais sentem culpa por passar muito tempo longe dos filhos e encaram o celular como um elo. “Só que as crianças não entendem e fazem o uso que acharem melhor.” Uma pesquisa da Fundação Telefônica e da Universidade de Navarra, feita no mês passado entre estudantes paulistas, concluiu que 51% das crianças entre 6 e 9 anos têm celular próprio.
O foco intenso na criança é o cume de um processo que começou por volta do século XV. Até a Idade Média, a infância não era valorizada. A partir do desmame (aos 3 ou 4 anos, naquela época), ela passava a viver no mundo adulto. Não havia escolas formais e a própria família não era nuclear. Conviviam na mesma casa pessoas de várias procedências. Com o início da Idade Moderna, a revolução liberal e, mais tarde, o Iluminismo e a formação da burguesia, o cuidado com a criança e os laços familiares se fortaleceram. Pais e filhos ficaram mais próximos, e a criança passou a ser vista como um indivíduo em formação, que precisa de atenção e tratamento especial.

EDUCAÇÃO CONTINUADA Thales e Tarsila em sua casa, em Niterói. Eles têm a agenda cheia de atividades e depois brincam com livros e vídeos educativos
Até aí, tudo bem. Mas hoje parece que não há apenas uma infância, e sim várias. O mercado de quartos infantis mostra isso. Há uma proposta de ambiente para cada idade. “O quarto cresce com a criança”, diz a arquiteta paranaense Kethlen Durski. “Há berços diferentes, camas que vão aumentando de tamanho, cores propícias para cada momento e até uma iluminação apropriada para cada fase.” Há quem coloque tapete de borracha pela casa para que a criança não se machuque ao engatinhar ou mesmo retire a maioria dos móveis da sala de estar (outra prova de excesso de zelo: a criança deve aprender a cair, diz a nova teoria).
A supervalorização do aprendizado na infância começou nos anos 80, quando pesquisas científicas comprovaram a plasticidade do cérebro do bebê e da criança pequena. “Aí surgiram as ideias de estimulação precoce que hoje levam a um exagero”, diz a psicanalista carioca Silvia Zornig, autora de A criança e o infantil em psicanálise. Junto com essa cobrança exagerada paradoxalmente vem a falta de limites. “Os hiperpais confortam demais, protegem demais, toleram demais, envolvem demais seus filhos o tempo todo”, diz a pediatra e escritora americana Marilyn Heins, dona de um site de dicas para os pais (parentkidsright.com). “As crianças não conseguem respirar diante desse contato exacerbado.” Sobre os hiperpais, Heins é peremptória: “O bom pai é aquele que tem a coragem de entregar seu filho para o mundo. Quem não faz isso está subestimando a criança e atrapalhando seu futuro e sua felicidade. A mensagem que está sendo enviada para a criança é: você não é bom nem inteligente o bastante para ser bem-sucedido, seja lá no que for”.
O bom pai tem a coragem de entregar seu filho para o mundo. Quem não faz isso subestima a criança
Os hiperpais costumam ser implacáveis na questão do desenvolvimento intelectual ou físico. Em São Paulo, proliferam os personal trainers infantis – professores de educação física especializados no atendimento individual de crianças e adolescentes. Luiz Ricardo Rhormens atende hoje dez crianças. Diz que a demanda é crescente. A maioria são crianças acima do peso ou que os pais consideram tímidas para os esportes coletivos. Fazem principalmente natação, caminhada e corrida. “Os pais cobram retorno, querem que a criança se comprometa com metas. Alguns são bastante neuróticos, e eu tento melhorar essa relação.”
Diretora da escola de dança Petit Danse, que tem três unidades em bairros de classe média no Rio de Janeiro, Nelma Darzi diz que a procura aumenta a cada início de ano letivo. “Muitas delas vêm de outras atividades ou vão para outras depois de sair daqui. Não é raro vermos alunos dando sinais de cansaço. Costumo conversar com as mães, mas muitas estão focadas na competitividade”, afirma. Às tradicionais aulas de natação, futebol, balé e inglês somam-se agora atividades mais diversificadas, como cursos de japonês e chinês, história da arte e etiqueta, sem falar no mercado de professores particulares que preparam alunos para os “vestibulinhos”, as provas de admissão nos colégios mais concorridos.
Neste mundo competitivo, as escolas se adaptam. Na Escola Internacional de Alphaville, num condomínio de classe média alta de São Paulo, crianças de 3 e 4 anos têm aulas sobre artistas como Miró, Van Gogh e Pollock. As aulas são apresentadas como uma forma de os alunos “apreciarem a obra e o fazer artístico e refletirem sobre o percurso de criação do artista”. A professora Cássia Bessa, coordenadora do projeto, diz que a diferenciação entre as crianças se dá cada vez mais cedo. “Há uma demanda social por isso, é a evolução natural.” Na Escola de Educação Infantil Ponto Omega, também em São Paulo, há um curso de etiqueta para os pequenos. São quatro módulos sobre como eles devem se comportar: “em casa”, “na escola”, “no clube” e “no restaurante”.
Com uma agenda tão cheia, quando as crianças estão em casa, o tempo é de brincadeira, certo? Mais ou menos. Muitos pais gostam que, em vez do divertimento totalmente livre, haja entretenimento dirigido e programas didáticos. Tarsila Naylor, de 4 anos, e seu irmão Thales, de 2, moradores de Niterói, no Rio de Janeiro, fazem balé, natação, capoeira, iniciação musical e vivência religiosa. Em casa, desde muito pequenos assistem aos DVDs da série Baby Einstein, que são divididos em faixa etária e falam de natureza, ciência e artes. (Há dois anos, uma pesquisa da Universidade de Washington demonstrou que bebês que assistem a esses programas aprendem menos palavras que os que não assistem, mas isso é outra história.) Os irmãos também veem vídeos de histórias infantis em seis línguas diferentes, para ir se acostumando com a sonoridade. “O que ninguém pode roubar de uma pessoa é o conhecimento”, diz o fiscal de tributos Carlos Mauro Naylor, pai das crianças. “Quando crescerem um pouco mais, vão entrar num curso de mandarim.”

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Refeição em família


Refeição em família
Rosely Sayão - Folha de S. Paulo



Os meios de comunicação, devidamente apoiados por informações científicas, dizem que alimentação é uma questão de saúde. Programas de TV ensinam a comer bem para manter o corpo magro e saudável, livros oferecem cardápios de populações com alto índice de longevidade, alimentos ganham adjetivos como "funcionais". Temos dietas para cardíacos, para hipertensos, para gestantes, para idosos.
Cada vez menos a família se reúne em torno da mesa para compartilhar a refeição e se encontrar, trocar ideias, saber uns dos outros. Será falta de tempo? Talvez as pessoas tenham escolhido outras prioridades: numa pesquisa recente sobre as refeições, 69% dos entrevistados no Brasil relataram o hábito de assistir à TV enquanto se alimentam.
Uma criança de nove anos disse uma coisa interessante: para ela, o horário do recreio deveria ser maior porque tomar o lanche demora e, com isso, há menos tempo para brincar. Aí está: lanchar com os colegas não tem, para essa e muitas outras crianças, o caráter de prazer; parece ter uma ligação mais estreita com outras obrigações escolares.
Aliás, tenho observado a dificuldade que muitas crianças têm de falar com adultos e pares olhando para seu interlocutor. Elas falam e olham para o lado, para baixo e até para além da pessoa com quem conversam, mas o olho no olho parece ser desagradável, difícil para elas. Talvez seja porque estão acostumadas a olhar para a TV ou para o jogo enquanto conversam com os pais.
O horário das refeições é o melhor pretexto para reunir a família porque ocorre com regularidade e de modo informal.
E, nessa hora, os pais podem expressar e atualizar seus afetos pelos filhos de modo mais natural, além de construir o ambiente acolhedor que permite aos mais novos perceber com clareza que aquele é seu grupo de referência e de pertencimento.
Numa época em que os rituais estão em desuso, as refeições em família são um excelente momento para transmitir tradições familiares aos filhos: quais alimentos aquela família prefere e quais são os seus modos usuais de preparação, como se comporta à mesa, quais assuntos costuma abordar durante a refeição, o tom de voz usado, como os membros se tratam. Tudo isso é apreendido pelos mais novos, que podem encontrar seu modelo de identificação familiar e ter contato com o conhecimento construído pelas gerações anteriores da família.
O horário das refeições também pode servir para que contradições, diferenças e conflitos entre pais e filhos surjam de modo polido, para que os filhos saibam mais sobre a rotina profissional dos pais e para que estes ouçam sobre a vida escolar e social dos filhos sem cobranças. Por que estamos nos tornando comedores solitários? Por que aceitamos a ideia de que o alimento é mais importante em seu aspecto nutricional do que social? Por que a TV e o computador são nossas companhias preferidas no horário das refeições? Pelo jeito, temos muito a refletir sobre esse assunto.

ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (ed. Publifolha)

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Bullying



Tenho vários alunos com dificuldades, algumas cognitivas, outras emocionais, outras de relacionamento e assim por diante. Irei relatar, em forma de desabafo, o caso de um dos meus alunos. Ele muitas vezes me deixa de cabelo em pé. Tenho em sala três inclusões e adivinhem? Este aluno não os aceita, coloca apelidos maldosos e mostra não possuir empatia por nenhum. Os ofende diariamente, assim como a outros colegas. Quando questionado sobre suas atitudes ele mostra despreocupação alegando:" _ Não nasci como eles e nunca serei assim". Esse comportamento hoje conhecido por Bulling atualmente afeta muitas salas de aula.

Segundo a Psicóloga Elaine Marini "Bullying são todas as formas de atitudes agressivas intencionais e repetitivas que ridicularizam o outro. Atitudes como comentários maldosos, apelidos ou gracinhas que caracterizam alguém, e outras formas que causam dor e angustia, e executados dentro de uma relação desigual de poder que são características essenciais que tornam possível a intimidação da vitima". Outro exemplo é o de uma de suas colegas, ela reclama diariamente, e muitas vezes chorando, que este aluno a ofende com apelidos maldosos, tudo isso por ter nascido o lábio leporino. Por mais que converse e o faça refletir sobre suas ações e as consequências destas, ele não consegue colocar-se no lugar do outro e não percebe o mal que está causando. "Segundo pesquisas da ABRAPIA os autores são, indivíduos que geralmente não tem empatia, frequentemente, pertencem a famílias desestruturadas, nas quais há pouco relacionamento afetivo entre seus membros. Seus pais exercem uma supervisão pobre sobre eles, toleram e oferecem como modelo para solucionar conflitos, comportamento agressivo ou explosivo. Admite-se que os que praticam o BULLYING têm grande probabilidade de se tornarem adultos com comportamentos anti-sociais e/ou violentos, podendo vir a adotar, inclusive, atitudes delinquentes ou criminosas" (MARINI, 2009).

Quando li o que Marini escreveu e após chamar a mãe do aluno aqui descrito para conversarmos, consegui enxergar o ponto de tudo isto. A mãe relatou os problemas familiares que vem enfrentando desde o inicio da gestação. Então fiquei convicta que a raiz de quase todas as dificuldades enfrentadas em nossas escolas está na maioria das vezes em casa.

Como professora me vejo com as mãos amarradas. Percebo que a única saída é o trabalho em conjunto com a família. Tomando parte do que realmente está acontecendo e tentando entender o motivo pelo qual nossos alunos estão agindo de uma determinada maneira, poderemos ajuda-los. Conseguiremos sim solucionar os problemas de nossas salas de aula, mas sem o auxílio dos pais isso será impossível.