domingo, 31 de maio de 2009

Como as nossas mães




Contrariando as estatísticas, algumas mulheres têm um filho atrás do outro e se realizam com a casa cheia

A vida na casa de Claudia Junqueira é animada e barulhenta. Na hora de comer, dormir, fazer dever de casa ou brincar, a agitação está garantida com os quatro filhos. A "escadinha" formada por Arthur, 3 anos, Clara, 7, Chloé, 10, e Max , 12, às vezes é engrossada por colegas de escola, que se juntam à bagunça. "Meus quatro filhos foram desejados e queridos", garante a empresária, de 37 anos. A família de Claudia está na contramão das estatísticas. Enquanto a brasileira tem cada vez menos filhos, ela faz parte de uma minoria que escolheu ter a casa cheia.
Famílias grandes foram regra num passado relativamente próximo. Na década de 70, a taxa de fecundidade era de 5,7 filhos por mulher. Em 2000, caiu para 2,3 filhos, e entre as que têm oito anos ou mais de estudo, 1,6 filho. De acordo com os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esses números encolheram ainda mais: 1,9 filho por mãe.
O que motiva, então, algumas famílias a irem contra essa tendência? Para Claudia e seu marido, que vêm de lares cheios de irmãos, é uma opção natural. "Desde menina eu desejava uma família enorme", explica Claudia. "Os amigos dos meus filhos amam vir aqui porque é uma casa pensada para as crianças." Empresária, ela mo n t o u uma agenda flexível para acompanhar os pequenos de perto e dispensou babá e creche.
Para Marina Vasconcellos, terapeuta de casais e família da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), é essencial ter planejamento financeiro e tempo quando se decide ter uma prole extensa. "Ter muitas crianças é uma festa, mas elas demandam atenção", afirma. A terapeuta diz que, apesar de exigir dedicação, crianças criadas com vários irmãos tendem a se desenvolver com maior autonomia. Do ponto de vista biológico, o corpo da mulher sai ganhando com a maternidade.
A gravidez reduz o risco de problemas como endometriose, câncer de mama e de útero. "Nesse sentido, quanto mais a mulher engravidar, melhor", diz a ginecologista Nilca Donadio.
É essencial ter planejamento financeiro e tempo para se dedicar quando se decide ter uma prole extensa
A roteirista e escritora Maria Mariana, 36 anos, passou os últimos dez anos alternando amamentação com gravidez. Conhecida pelo livro Confissões de adolescente, que virou peça e série de tevê, ela está lançando o livro Confissões de mãe, com as reflexões alinhavadas durante as gestações de Clara, 9 anos, Laura, 7, Gabriel, 5, e Isabel, 2. "Eu sempre quis muitos, mas fui querendo um depois do outro", conta Mariana, que acha mais fácil criar vários filhos do que um só. "Eles aprendem juntos." Depois de praticamente dez anos vivendo em função dos filhos, ela volta ao trabalho como roteirista da Rede Record e diz que saiu ganhando, apesar das críticas. "Achavam que eu estava deprimida, que tinha desistido", diz Mariana.
Em países com taxas de natalidade mais baixas, proles numerosas ganham, no mínimo, olhares desconfiados. Michelle Lehmann, 38 anos, secretária de uma firma de advocacia em Chicago, é mãe de oito, com idades entre 13 e 2 anos, e criou a comunidade online http://www.lotsofkids.com/, para ajudar pais com muitos filhos a trocar experiências. "As pessoas acham que você é irresponsável, ignorante ou fanático religioso por ter uma família maior", conta Michelle. Olhares enviesados são comuns quando os Lehmann saem de casa.
A partir da quarta gravidez, a secretária passou a ser tratada de modo diferente. "Eu apoio o direito de não ter filhos ou de ter família pequena", diz a secretária. "Só gostaria que eu e meu marido fôssemos mais respeitados por acreditarmos ser maravilhoso ter vários filhos."
Além do preconceito, esses pais enfrentam o fantasma de não darem atenção suficiente para todos. "Meus filhos são muito diferentes entre si, mas faço um esforço considerável para dedicar tempo a cada um deles", diz Michelle. A professora do Departamento de Psicologia e Filosofia da Educação da Universidade de São Paulo (USP) Silvia Colello afirma que a questão da atenção nunca se resolve de forma coletiva. "Os pais têm que ser críticos", ensina. "Aquilo que você aprendeu com um filho não serve para aplicar ao outro." É essa dedicação incansável que torna verdade o ditado: "Em coração de mãe, sempre cabe mais um."
Verônica Mambrini e Suzane G. Frutuoso - Revista Istoé - Edição 2060

segunda-feira, 25 de maio de 2009

A Importância da família no processo de educar




A mim me dá pena e preocupação quando convivo com famílias que experimentam a “tirania da liberdade” em que as crianças podem tudo: gritam, riscam as paredes, ameaçam as visitas em face da autoridade complacente dos pais que se pensam ainda campeões da liberdade. (PAULO FREIRE, 2000: 29)

A sociedade moderna vive uma crise de valores éticos e morais sem precedentes. Essa é uma constatação que nada tem de original, pois todos a estão percebendo e vivenciando de alguma maneira. O fato de ser uma professora a fazer essa constatação também não é nenhuma surpresa, pois é na escola que essa crise acaba, muitas vezes, ficando em maior evidência.


Nunca na escola se discutiu tanto quanto hoje assuntos como falta de limites, desrespeito na sala de aula e desmotivação dos alunos. Nunca se observou tantos professores cansados, estressados e, muitas vezes, doentes física e mentalmente. Nunca os sentimentos de impotência e frustração estiveram tão marcantemente presentes na vida escolar.


Para Esteve (1999), toda essa situação tem relação com uma acelerada mudança no contexto social. Segundo ele,
Nosso sistema educacional, rapidamente massificado nas últimas décadas, ainda não dispõe de uma capacidade de reação para atender às novas demandas sociais. Quando consegue atender a uma exigência reivindicada imperativamente pela sociedade, o faz com tanta lentidão que, então, as demandas sociais já são outras (1999: 13).


Por essa razão, dentro das escolas as discussões que procuram compreender esse quadro tão complexo e, muitas vezes, caótico, no qual a educação se encontra mergulhada, são cada vez mais freqüentes. Professores debatem formas de tentar superar todas essas dificuldades e conflitos, pois percebem que se nada for feito em breve não se conseguirá mais ensinar e educar. Entretanto, observa-se que, até o momento, essas discussões vêm sendo realizadas apenas dentro do âmbito da escola, basicamente envolvendo direções, coordenações e grupos de professores. Em outras palavras, a escola vem, gradativamente, assumindo a maior parte da responsabilidade pelas situações de conflito que nela são observadas.


Assim, procura-se em novas metodologias de trabalho, por exemplo, as soluções para esses problemas. Computadores e programas de última geração, projetos multi e interdisciplinares de todos os tipos e para todos os gostos, avaliações participativas, enfim uma infinidade de propostas e atividades visando a, principalmente, atrair os alunos para os bancos escolares. Não é mais suficiente a idéia de uma escola na qual o individuo ingressa para aprender e conhecer. Agora a escola deve também entreter.


No entanto, apesar das diferentes metodologias hoje utilizadas, os problemas continuam, ou melhor, se agravam cada vez mais, pois além do conhecimento em si estar sendo comprometido irremediavelmente, os aspectos comportamentais não têm melhorado. Ao contrário. Em sala de aula, a indisciplina e a falta de respeito só têm aumentado, obrigando os professores a, muitas vezes, assumir atitudes autoritárias e disciplinadoras. Para ensinar o mínimo, está sendo necessário, antes de tudo, disciplinar, impor limites e, principalmente, dizer não.


A questão que se impõem é: até quando a escola sozinha conseguirá levar adiante essa tarefa? Ou melhor, até quando a escola vai continuar assumindo isoladamente a responsabilidade de educar?
São questões que merecem, por parte de todos os envolvidos, uma reflexão, não só mais profunda, mas também mais crítica. É, portanto, necessário refletir sobre os papéis que devem desempenhar nesse processo a escola e, conseqüentemente, os professores, mas também não se pode continuar ignorando a importância fundamental da família na formação e educação de crianças e adolescentes.


Voltando a analisar a sociedade moderna, observa-se que uma das mudanças mais significativas é a forma como a família atualmente se encontra estruturada. Aquela família tradicional, constituída de pai, mãe e filhos tornou-se uma raridade. Atualmente, existem famílias dentro de famílias. Com as separações e os novos casamentos, aquele núcleo familiar mais tradicional tem dado lugar a diferentes famílias vivendo sob o mesmo teto. Esses novos contextos familiares geram, muitas vezes, uma sensação de insegurança e até mesmo de abandono, pois a idéia de um pai e de uma mãe cuidadores dá lugar a diferentes pais e mães “gerenciadores” de filhos que nem sempre são seus.
Além disso, essa mesma sociedade tem exigido, por diferentes motivos, que pais e mães assumam posições cada vez mais competitivas no mercado de trabalho. Então, enquanto que, antigamente, as funções exercidas dentro da família eram bem definidas, hoje pai e mãe, além de assumirem diferentes papéis, conforme as circunstâncias saem todos os dias para suas atividades profissionais. Assim, observa-se que, em muitos casos, crianças e adolescentes acabam ficando aos cuidados de parentes (avós, tios), estranhos (empregados) ou das chamadas babás eletrônicas, como a TV e a Internet, vendo seus pais somente à noite.


Toda essa situação acaba gerando uma série de sentimentos conflitantes, não só entre pais e filhos, mas também entre os próprios pais. E um dos sentimentos mais comuns entre estes é o de culpa. É ela que, na maioria das vezes, impede um pai ou uma mãe de dizer não às exigências de seus filhos. É ela que faz um pai dar a seu filho tudo o que ele deseja, pensando que assim poderá compensar a sua ausência. É a culpa que faz uma mãe não avaliar corretamente as atitudes de seu filho, pois isso poderá significar que ela não esteve suficientemente presente para corrigi-las.


Enfim, é a culpa de não estar presente de forma efetiva e construtiva na vida de seus filhos que faz, muitas vezes, um pai ou uma mãe ignorarem o que se passa com eles. Assim, muitos pais e mães acabam tornando-se reféns de seus próprios filhos. Com receio de contrariá-los, reforçam atitudes inadequadas e, com isso, prejudicam o seu desenvolvimento, não só intelectual, mas também, mental e emocional.


Esses conflitos acabam agravando-se quando a escola tenta intervir. Ocorre que muitos pais, por todos os problemas já citados, delegam responsabilidades à escola, mas não aceitam com tranqüilidade quando essa mesma escola exerce o papel que deveria ser deles. Em outras palavras,
[...] os pais que não têm condições emocionais de suportar a sua parcela de responsabilidade, ou culpa, pelo mau rendimento escolar, ou algum transtorno de conduta do filho, farão de tudo, para encontrar argumentos e pinçar fatos, a fim de imputar aos professores que reprovaram o aluno, ou à escola como um todo, a total responsabilidade pelo fracasso do filho (ZIMERMAN apud BOSSOLS, 2003: 14).


Assim, observa-se que, em muitos casos a escola (e seus professores) acaba sendo sistematicamente desautorizada quando, na tentativa de educar, procura estabelecer limites e responsabilidades. O resultado desses sucessivos embates é que essas crianças e adolescentes acabam tornando-se testemunhas de um absurdo e infrutífero cabo-de-guerra, entre a sua escola e a sua família. E a situação pode assumir uma maior complexidade porque, conforme também explica Zimerman, “o próprio aluno, que não suporte reconhecer a responsabilidade por suas falhas, fará um sutil jogo de intrigas que predisponha os pais contra os professores e a escola” (apud BOSSOLS, 2003: 14).


Entretanto, é importante compreender que, apesar de todas as situações aqui expostas, o objetivo não é o de condenar ou julgar. Está-se apenas demonstrando que, ao longo dos anos, gradativamente a família, por força das circunstâncias já descritas, tem transferido para a escola a tarefa de formar e educar. Entretanto, essa situação não mais se sustenta. É preciso trazer, o mais rápido possível, a família para dentro da escola. É preciso que ela passe a colaborar de forma mais efetiva com o processo de educar. É preciso, portanto, compartilhar responsabilidades e não transferi-las.


É dentro desse espírito de compartilhar que não se pode deixar de citar a iniciativa do MEC, que instituiu a data de 24 de abril como o Dia Nacional da Família na Escola. Nesse dia, todas as escolas são estimuladas a convidar os familiares dos alunos para participar de suas atividades educativas, pois segundo declaração do ex-Ministro da Educação Paulo Renato Souza "quando os pais se envolvem na educação dos filhos, eles aprendem mais".


A família deve, portanto, se esforçar em estar presente em todos os momentos da vida de seus filhos. Presença que implica envolvimento, comprometimento e colaboração. Deve estar atenta a dificuldades não só cognitivas, mas também comportamentais. Deve estar pronta para intervir da melhor maneira possível, visando sempre o bem de seus filhos, mesmo que isso signifique dizer sucessivos “nãos” às suas exigências. Em outros termos, a família deve ser o espaço indispensável para garantir a sobrevivência e a proteção integral dos filhos e demais membros, independentemente do arranjo familiar ou da forma como se vêm estruturando (KALOUSTIAN, 1988).


Educar, portanto, não é uma tarefa fácil, exige muito esforço, paciência e tranqüilidade. Exige saber ouvir, mas também fazer calar quando é preciso educar. O medo de magoar ou decepcionar deve ser substituído pela certeza de que o amor também se demonstra sendo firme no estabelecimento de limites e responsabilidades. Deve-se fazer ver às crianças e jovens que direitos vêm acompanhados de deveres e para ser respeitado, deve-se também respeitar.
No entanto, para não tornar essa discussão por demais simplista, é importante, entender, que quando se trata de educar não existem fórmulas ou receitas prontas, assim como não se encontra, em lugar algum, soluções milagrosas para toda essa problemática. Como já foi dito, educar não é uma tarefa fácil; ao contrário, é uma tarefa extremamente complexa. E talvez o que esteja tornando toda essa situação ainda mais difícil seja o fato de a sociedade moderna estar vivendo um momento de mudanças extremamente significativas.


Segundo Paulo Freire: “A mudança é uma constatação natural da cultura e da história. O que ocorre é que há etapas, nas culturas, em que as mudanças se dão de maneira acelerada. É o que se verifica hoje. As revoluções tecnológicas encurtam o tempo entre uma e outra mudança” (2000: 30). Em outras palavras, está-se vivendo, em um pequeno intervalo de tempo, um período de grandes transformações, muitas delas difíceis de serem aceitas ou compreendidas. E dentro dessa conjuntura está a família e a escola. Ambas tentando encontrar caminhos em meio a esse emaranhado de escolhas, que esses novos contextos, sociais, econômicos e culturais, nos impõem.
Para finalizar esse texto é importante fazer algumas considerações que, se não trazem soluções definitivas, podem apontar caminhos para futuras reflexões. Assim, é preciso compreender, por exemplo, que no momento em que escola e família conseguirem estabelecer um acordo na forma como irão educar suas crianças e adolescentes, muitos dos conflitos hoje observados em sala de aula serão paulatinamente superados. No entanto, para que isso possa ocorrer é necessário que a família realmente participe da vida escolar de seus filhos. Pais e mães devem comparecer à escola não apenas para entrega de avaliações ou quando a situação já estiver fora de controle. O comparecimento e o envolvimento devem ser permanentes e, acima de tudo, construtivos, para que a criança e o jovem possam se sentir amparados, acolhidos e amados. E, do mesmo modo, deve-se lutar para que pais e escola estejam em completa sintonia em suas atitudes, já que seus objetivos são os mesmos. Devem, portanto, compartilhar de um mesmo ideal, pois só assim realmente estarão formando e educando, superando conflitos e dificuldades que tanto vêm angustiando os professores, como também pais e os próprios alunos.

por MARGARETE J. V. C. HÜLSENDEGER

sábado, 23 de maio de 2009

Educação se faz em conjunto



Adotar mecanismos que oportunizem a participação efetiva da família no desenvolvimento global do aluno é o que rege a política nacional de educação. Ter a família como parceira é fundamental para o desenvolvimento do processo de ensino. Com base nisso, a Secretaria de Educação de Joinville abre, neste sábado, as 85 escolas da rede municipal para receber as famílias de aproximadamente 47 mil alunos.
O fim de semana dá oportunidade da participação dos pais, porque durante a semana têm suas atribuições de trabalho. Aos profissionais da educação que irão trabalhar nesta data, a compensação dada no ponto facultativo concedido em abril e no recesso escolar do mês de junho. Além disso, é necessário salientar que este é um dia letivo que precisa ser cumprido e foi discutido com o sindicato que representa a classe dos profissionais da educação na cidade.
Esse dia favorece que os pais, junto aos seus filhos e aos corpos técnico e docente da escola, conheçam o ambiente onde a criança fica boa parte do seu dia e, com eles, vivenciem atividades recreativas, que ficaram a critério de cada unidade escolar. Normalmente, os pais são chamados à escola para receber o boletim de seus filhos, por questões disciplinares, ou assuntos administrativos. Esse dia é diferente.
Algumas unidades abrem o dia com apresentações culturais, teatro, contação de histórias, música ou café para a comunidade escolar. Outras dedicarão parte do tempo para apresentar o ambiente à família e conhecer os profissionais da rede de ensino. Competições esportivas entre pais e alunos também irão ocorrer. Escolas rurais farão um resgate das brincadeiras mais antigas. Os pais poderão assistir a palestras e participar de oficinas.
A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da educação fala da importância da família nesse processo de ensino-aprendizagem. E cabe aos representantes públicos oportunizar essa relação entre escola, aluno, família e comunidade. Recentemente, o Ministério da Educação (MEC) instituiu o Dia da Família na Escola e cabe-nos, outra vez, a responsabilidade de fazer acontecer.
Tradicionalmente, a escola e família se olhavam com desconfiança por não compreenderem todo o processo educacional, suas limitações e abrangências. A compreensão de que família e escola devem se manifestar de forma conjunta na responsabilidade de educação é o que nos faz pensar de forma democrática e na necessidade de trazer a família para dentro do ambiente de ensino de seus filhos.
É comprovado que uma escola em que os pais participam tem melhores índices de ensino e é mais bem cuidada e desenvolvida. A comprovação disso está na responsabilidade concedida, inclusive, às associações de pais e professores (APPs), que passam a administrar e responder pelos recursos das unidades de ensino. É a gestão democrática da educação com os diversos atores que compõem o processo educacional.
É preciso que sejamos capazes de construir uma relação de diálogo para que saibamos quais são as dificuldades dos alunos, seus objetivos, seus medos. Disso depende a participação da família, da comunidade, dos professores e profissionais da educação. Essas características marcam a trajetória de cada aluno e são fundamentais para que possamos avaliar o êxito das ações. Com a participação da família na escola, vamos construir propostas educacionais compatíveis com a nossa realidade.

Marcos Aurélio Fagundes - Secretário de Educação de Joinville
Jornal de Joenville - 23/05/2009

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Algumas palavras do Dr. Içami


Algumas sabias palavras da Palestra do Dr. Içami, Curitiba, 23 de julho de 2008.



1. A educação não pode ser delegada à escola. Aluno é transitório.Filho é para sempre.


2. O quarto não é lugar para fazer criança cumprir castigo. Não se pode castigar alguém com internet, som,tv, etc.


3. Educar significa punir as condutas derivadas de um comportamento errôneo. Queimou índio pataxó, a pena(condenação judicial) deve ser passar o dia todo em hospital de queimados.


4. Confrontar o que o filho conta com a verdade real. Se falar que professor o xingou, tem que ir até a escola e ouvir o outro lado, além das testemunhas.


5. Informação é diferente de conhecimento. O ato de conhecer vem após o ato de ser informado de alguma coisa. Não são todos que conhecem. Conhecer camisinha e não usar significa que não se tem o conhecimento da prevenção que a camisinha proporciona.


6. A autoridade deve ser compartilhada entre os pais. Ambos devemmandar. Não podem sucumbir aos desejos dacriança. Criança não quer comer? A mãe não pode alimentá-la. A criança deve aguardar até a próxima refeição que a família fará. A criança não pode alterar as regras da casa.A mãe NÃO PODE interferir nas regras ditadas pelo pai (e nas punições também) e vice-versa. Se o pai disse que não ganhará doce, a mãe não pode interferir. Tem que respeitar sob pena de criar um delinquente. Em casa que tem comida, criança não morre de fome . Se ela quiser comer, saberá a hora. E é o adulto tem que dizer QUAL É A HORA de se comer e o que comer.


7. A criança deve ser capaz de explicar aos pais a matéria que estudou e na qual será testada. Não pode simplesmente repetir, decorado. Tem que entender.


8. Temos que produzir o máximo que podemos, pois na vida não podemos aceitar a média exigida pelo colégio.Não podemos dar 70% de nós, ou seja, não podemos tirar 7,0.


9. As drogas e a gravidez indesejada estão em alta porque os adolescentes estão em busca de prazer. E o prazer é inconsequente, pois aquela informação, de que droga faz mal, não está gerando conhecimento.


10. A gravidez é um sucesso biológico, e um fracasso sob o ponto devista sexual.


11. Maconha não produz efeito só quando é utilizada. Quem está são,mas é dependente, agride a mãe para poder sair de casa, para da droga fazer uso. A mãe deve, então, viraras costas e não aceitar as agressões.Não pode ficar discutindo e tentando dissuadi-lo da idéia. Tem que dizer que não conversará com ele e pronto. Deve‘abandoná-lo’.


12. A mãe é incompetente para ‘abandonar’ o filho. Se soubesse fazê-lo, o filho a respeitaria. Como sabe que a mãe está sempre ali, não a respeita.


13. Homem não gosta quando a mulher vem perguntar: ‘E aí, como foi o seu dia?’. O dia, para o homem,já foi, e ele só falará se tiver alguma coisa relevante. Não quer relembrar todos os fatos do dia..


14. Se o pai ficar nervoso porque o filho aprontou alguma coisa, não deve alterar a voz. Deve dizer que está nervoso e, por isso, não quer discussão até ficar calmo. A calmaria, deve opai dizer, virá em 2, 3, 4 dias. Enquanto isso, o videogame, as saídas, a balada, ficarão suspensas, até elese acalmar e aplicar o devido castigo.


15. Se o filho não aprendeu ganhando, tem que aprender perdendo.


16. Não pode prometer presente pelo sucesso que é sua obrigação.Tirar nota boa é obrigação. Não xingar avós é obrigação. Ser polido é obrigação. Passar no vestibular é obrigação. Se ganhou o carro após o vestibular, ele o perderá se desistir ou for mal na faculdade.


17. Quem educa filho é pai e mãe. Avós não podem interferir na educação do neto, de maneira alguma. Jamais.Não é cabível palpite. Nunca.


18. Mães, muitas são loucas. Devem ser tratadas. (palavras dele)


19. Se a mãe engolir sapos do filho, a sociedade terá que engolir os dele.


20. Videogames são um perigo. Os pais têm que explicar como é a realidade. Na vida real, não existem‘vidas’, e sim uma única vida. Não dá para morrer e reencarnar. Não dá para apostar tudo, apertar o botão e zerar a dívida.


21. Professor tem que ser líder. Inspirar liderança. Não pode apenas bater cartão.


22. Pai não pode explorar o filho por uma inabilidade que o próprio pai tenha. ‘Filho, digite tudo isso aqui pra mim porque não sei ligar o computador’. O filho tem que ensiná-lo para aprender a ser líder. Se o filho ensina o líder (pai), então ele também será um líder.Pai tem que saber usar o Skype,pois no mundo em que a ligação é gratuita pelo Skype, é inconcebível o paipagar para falar com o filho que mora longe.


23. O erro mais frequente na educação do filho é colocá-lo no topo da casa. Não há hierarquia. O filho não pode ser a razão de viver de um casal. O filho é um dos elementos. O casal tem que deixá-lo, no máximo, no mesmo nível que eles. A sociedade pagará o preço quando alguém é educadoachando-se o centro do universo.


24. Filhos drogados são aqueles que sempre estiveram no topo da família.


25. Cair na conversa do filho é criar um marginal. Filho não pode dar palpite em coisa de adulto. Se ele quiser opinar sobre qual deve ser a geladeira, terá que saber qual é o consumo (KWh) da que ele indicar. Se quiser dizer como deve ser a nova casa, tem que dizer quanto que isso (seus supostos luxos) incrementará o gasto final.


26. Dinheiro ‘a rodo’ para o filho é prejudicial. Tem que controlar e ensinar a gastar.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Educação na Família



Importantes estudos sobre sintomas emocionais em crianças conflitadas são desenvolvidos pela psiquiatria infantil. Observações médicas revelam que jovens envolvidos em graves distorções do comportamento, desvios sexuais, alcoolismo, toxicofilias e transgressões legais são portadores de conflitos que têm relação com os pais.
Segundo o psiquiatra Bowlby, a criança separada da mãe apresenta três períodos distintos de comportamento: protesto, desespero e indiferença. Torna-se decepcionada, frustrada, podendo se tornar nocivo à família e à sociedade.
Mães frias ou rejeitadoras apresentam filhos tensos e negativistas, com dificuldade de adaptação. Já a excessiva proteção materna proporciona marcantes transtornos na personalidade. Filhos de mães dominadoras tornam-se excessivamente submissos e apresentam sintomas de timidez, medo, ansiedade e insuficiência sexual. Mães indulgentes não despertam confiança nos filhos, dificultando a estruturação da personalidade e ocasionando a estratificação de comportamento imaturo. Pais agressivos interferem no bem-estar psíquico da família e traumatizam filhos.
O desenvolvimento da criança depende dos pais, através de sistema educacional harmônico, com limites definidos, recreação orientada e instrução correta dos fatores éticos e morais. Educando a criança evitamos punir o adulto.
É fundamental que pais deem atenção aos filhos, permitindo que se expressem para discutir sentimentos íntimos. A educação que permite a expressão de sentimentos, tendências, ideias e opiniões aproxima e acolhe pais e filhos, edificando-se uma sociedade sadia e mais feliz.

Carlos Alberto Rabaça - Sociólogo e Professor